terça-feira, 20 de maio de 2008

Biografia: Clarice Lispector

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."




Clarice Lispector, como Guimarães Rosa, acrescentou de forma extraordinária a escrita brasileira à nossa língua, à "pátria" de Fernando Pessoa. Mas quando falava, pensavam que era estrangeira. E ela, que é uma aurora em nossa literatura, tinha muita dificuldade em pronunciar essa bela palavra.

A minha primeira língua foi o português. Se eu falo russo? Não, não absolutamente.( ...) eu tenho a língua presa. (...) algumas pessoas me perguntavam se eu era francesa, por causa desses meus erres. (Entrevista)

A brasileira Clarice, que só por acaso nasceu em uma cidadezinha da Ucrânia, dominava o inglês e o francês, mas só escreveu em português, a sua, a nossa língua materna e, que se saiba, nunca falou iídiche ou hebraico. Uma vez alfabetizada, tornou-se logo uma leitora voraz.

Quando eu aprendi a ler e a escrever, eu devorava os livros! Eu pensava que livro é como árvore, é como bicho: coisa que nasce! Não descobria que era um autor! Lá pelas tantas, eu descobri que era um autor! Aí disse: “Eu também quero”. ( Entrevista)

Sua carreira começa Perto do Coração Selvagem, título jamais desmentido ao longo dos outros romances, dos contos e das histórias infantis, ou de todas as crônicas. Com seus olhos felinos abertos de soslaio sobre o mundo, Clarice Lispector permaneceu sempre perto do coração da vida, selvagem como a natureza agreste de sua infância em Pernambuco, diferente, inaugural e transgressora, se autocriando e autodevorando como um sol que ilumina enquanto queima a si mesmo, e que aquece porque se consome.

Clarice devora-se a si mesma. (Lúcio Cardoso)

Como a própria Clarice declarou, a compulsão de escrever a fazia sentir-se morta quando não estava escrevendo.

Nasci para escrever.(...) Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz. (Entrevista)

A escrita clariceana, porém, ilumina sem desvelar totalmente. Como na poesia, insere-se o silêncio na encantatória prosa da escritora - tudo o que ela não clarifica -, como se ao falar da existência ainda quisesse revesti-la de outros véus. Talvez por isso o sortilégio de sua linguagem seja tão aliciante.

Ela não conta histórias, escreve a vida. E escreve o escrever.

Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever... ( Entrevista)

Com intensidade e densidade nunca antes atingidas, e que jamais esmorecem, Clarice Lispector consegue o equilíbrio improvável de andar sobre o fio de uma navalha para rasgar os véus do real e mostrar o até então indizível, o não-dito dos impulsos pensantes, das pulsações da consciência e da escrita. Quando seu personagem Martim se prepara para escrever, o processo é evocado:

... em torno dele soprava o vazio em que um homem se encontra quando vai criar. Desolado, ele provocara a grande solidão. (...) E como um velho que não aprendeu a ler ele mediu a distância que o separava da palavra.

( A Maçã no Escuro)

A escrita de Clarice ocupa exatamente esse improvável espaço, o imensurável: a distância que nos separa das palavras. É a medida de um vazio, de um abismo que se abre no instante infinitesimal em que as palavras tomam sentido. Por isso, tem-se a impressão de que ela está escrevendo à nossa frente, diante de nós, para nos revelar em sua total nudez, em seu pungente desamparo, o próprio ato de escrever.

O coração batendo de solidão. ( A Maçã no Escuro)

É uma escrita no gerúndio, no sendo do Ser, como se ela tivesse feito do delírio de Molly Bloom um método - não para rememorar vicissitudes ou aventuras, mas para pensar conosco a vida de todos nós. É um constante perguntar. Essa necessidade de questionar, de perguntar sobre a vida, sobre a morte, sobre o amor se encontra em todos os textos de Clarice, desde as simples crônicas até os romances mais densos e metafisicamente dramáticos como A maçã no escuro e A paixão segundo G.H. E esse perguntar clariceano é da ordem da metafísica: por que existe o mundo ao invés do nada? que é isto, estar vivo? que quer dizer viver, amar, morrer? E há em sua escrita um certo socratismo, uma ironia e uma maiêutica .Tudo se passa como se ela tivesse conservado e desenvolvido esteticamente a indagação infantil, como se não tivesse esquecido o que é ser criança no mundo, naquilo que a criança tem de filósofa. E quando ela se detém na experiência amorosa, como em Uma aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, o relato é o de uma iniciação, ou de uma ascese .

A madrugada se abria em luz vacilante. Para Lóri a atmosfera era de milagre. Ela havia atingido o impossível de si mesma. Então ela disse, porque sentia que Ulisses estava de novo preso à dor de existir:

- Meu amor, você não acredita no Deus porque nós erramos ao humanizá-lo. Nós O humanizamos porque não O entendemos, então não deu certo. Tenho certeza de que Ele não é humano. Mas embora não sendo humano, no entanto, Ele às vezes nos diviniza. Você pensa que –

- Eu penso, interrompeu o homem e sua voz estava lenta e abafada porque ele estava sofrendo de vida e de amor, eu penso o seguinte:

E esse romance, que se insere no possível, se inicia com uma vírgula e não acaba, apenas se interrompe com esses dois pontos, sugerindo assim um quadro cujas linhas mestras o tivessem recortado do grande mistério que tudo contém. Dizem os entendidos que o Talmud se caracteriza por ter muito mais perguntas do que respostas, ou melhor: por deixar sempre em aberto o espaço da dúvida, do questionamento, da pergunta. Nesse sentido, Clarice estaria retomando o próprio espírito, a essência do judaísmo para inseri-la, com absoluta adequação, no mundo contemporâneo. E em muitos trechos de sua obra é possível apontar uma inegável afinidade com textos da Cabala, como se lê no ensaio A Ética cabalística em Clarice Lispector:

Ela não veio para esclarecer o mistério, veio para reafirmá-lo. ( Ester Schwartz)

Expressiva e significativa seria a própria escolha de seus títulos ao evocar etapas no caminho cabalístico que percorre, entre outras, as esferas do corpo e da sensação, do amor, da paixão, do prazer, da iniciação, da escuridão, da perplexidade ou da estranheza , do esplendor, etc. Bastaria lembrar alguns: A Via Crucis do Corpo; Perto do Coração Selvagem; A Paixão segundo G.H.; A Maçã no Escuro ; Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres; A Legião Estrangeira; e Visão do Esplendor.

Diante da originalidade da escrita de Clarice, compreende-se melhor a fórmula segundo a qual a literatura no século XX deixou de ser a escrita da aventura para tornar-se a aventura da escrita, uma iniciação e uma aprendizagem. O próprio ato de escrever é vivido e revelado em um estado de consciência exaltada, exacerbada, que evoca uma singular e solitária experiência mística.

Na verdade, eu acho que o nosso contato com o sobrenatural deve ser feito em silêncio e numa profunda meditação solitária. (Entrevista)

No entanto, quando os filhos eram pequenos, para não afastar-se deles, Clarice acostumou-se a escrever sentada no sofá da sala de seu apartamento:

Uso uma máquina de escrever portátil Olympia que é leve bastante para o meu estranho hábito: o de escrever com a máquina no colo. Corre bem, corre suave(...) provoca meus sentimentos e pensamentos. (Entrevista)

Pensamentos e sentimentos que configuram seu inquieto perguntar. E refletem a perplexidade de nossas modernas incertezas, das revisões e mudanças de paradigmas, a fragmentação do conhecimento, o mundo da imagem e do esfacelamento da imagem ," ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê - " como diria Fernando Pessoa.... Um perguntar generoso. Perguntar é abrir, é descortinar, é vislumbrar e expandir horizontes. Responder é limitar, fechar, encerrar. Perguntar é o eterno recomeço, é a vida renascendo e se alargando em suas infinitas possibilidades, inclusive a de errar e de recomeçar. Perguntar tem o peso da consciência crítica e a leveza da imaginação. Perguntar é pensar. Pois o grande personagem, o verdadeiro protagonista que reaparece em cada conto e até mesmo em cada crônica , e se agiganta nos romances de Clarice - é o pensamento.

Tomar conta do mundo exige também muita paciência: tenho que esperar pelo dia em que me apareça uma formiga. (Água Viva)

E pode-se dizer que o seu é um pensar heideggeriano, que "toma conta do Ser". Do Ser que, como sabemos, é Tempo. O tempo, ou o “instante - já", que ela quer captar em Água Viva, por exemplo, esse livro inesgotável que é uma saga, uma luta da escrita contra o Tempo e contra a Morte. Nesse livro, mais do que em qualquer outro, ela foi capaz da bachelardiana "intuição do instante" e reconheceu no instante impalpável a possibilidade do êxtase. Como em Joyce, é a experiência que a atrai, não seu fruto ou seu significado. E ela sabe transformar em um absoluto o instante fugidio.

Sei o que estou fazendo aqui: conto os instantes que pingam e são grossos de sangue. (....)

Sou um ser concomitante: reuno em mim o tempo passado, o presente e o futuro, o tempo que lateja no tique-taque dos relógios. (Água Viva)

Clarice significa em nossa literatura um turning point inimitável . O que ela faz de forma original, inaugural, é criar momentos de iluminação, de revelação, ou, usando a palavra tão cara a Joyce e a ela , de epifania. A epifania que é o sentimento vivo da fluidez inapreensível do real ... salvo pela arte.

Se Kafka fosse mulher. Se Rilke fosse uma brasileira judia nascida na Ucrânia. Se Rimbaud tivesse sido mãe, se tivesse chegado aos cinqüenta. Se Heidegger pudesse ter deixado de ser alemão, se ele tivesse escrito o Romance da Terra. (...) É nessa ambiência que Clarice Lispector escreve. Lá onde respiram as obras mais exigentes, ela avança. Lá, mais à frente, onde o filósofo perde o fôlego ela continua , mais longe ainda, mais longe do que todo saber.

( Hélène Cixous in A HORA DE CLARICE LISPECTOR)

Sua obra não é feita de livros como a dos outros, como Cixous já havia

reconhecido em 1979, ainda sob o impacto da leitura de A Paixão segundo G.H., num texto que chamou L’approche de Clarice Lispector.

Clarice Lispector: Essa mulher, nossa contemporânea, brasileira (...) não são livros o que ela nos dá, mas o viver salvo pelos livros, narrativas, construções que nos fazem recuar. E então entramos, por sua escrita-janela, na beleza assustadora de aprender a ler: e passamos, através do corpo, para o outro lado do eu. Amar a verdade do que é vivo, aquilo que parece ingrato aos olhos narcisos, (...) amar a origem, interessar-se pessoalmente pelo impessoal, pelo animal, pela coisa. (Hélène Cixous in Entre l’Écriture )

O pensamento dessa “escrita-janela” é eminentemente feminino, acolhedor e amoroso como um abraço. Sua linguagem é fluida e envolvente como a música de Debussy, que ela tanto amava. Sim, a música, a mais dialética das artes, que vem-a-ser na medida mesma em que vai deixando de ser e só se completa no silêncio, como a vida. Pois ela dedica A Hora da Estrela, entre outros, a Schoenberg e a Strawinsky, o que demonstra o quanto estava afinada não apenas com os escritores mais ousados e experimentais, mas também com a música contemporânea atonal e dodecafônica, assim como com as abstrações das artes plásticas. A propósito destas, Lúcia Helena Vianna revelou, em seu ensaio O figurativo inominável , outra linguagem explorada por Clarice – a da pintura - , que a escritora não mostrava sequer às pessoas de sua família , mas que não deixa de confirmar, em seu exercício de amadora, afinidades com o moderno expressionismo abstrato.

Ângela herdou de mim o desejo de escrever e de pintar. E se herdou esta parte minha é que não consigo imaginar uma vida sem arte de escrever ou de pintar ou de fazer música. ( Um Sopro de Vida)

Pode-se dizer ainda que sua escrita é um solilóquio mediatizado pelas muitas faces dos diversos personagens, nos quais, sempre com a mesma voz, ela se desdobra ao infinito. Pois os personagens de Clarice não são tipos, ela não cria tipos. Há várias coisas , aliás, que ela não faz como os outros, porque não precisa fazer. Sua obra não tem nada a ver , por exemplo, com o pseudo-realismo escatológico tão em voga hoje.

E o conflito, que alimenta o drama ou o romance, não é em sua escrita um conflito convencional, como o do desentendimento entre personagens, mesmo que isso também exista e apareça, nem é a luta das paixões, ainda que isso também exista e que toda a sua obra, em última análise, seja uma paixão - no sentido da paixão de Joana D'Arc, ou da Paixão segundo G.H. ( ou a de Martim, de A Maçã no Escuro, ou a da pungente Macabéa, de A Hora da Estrela). O pathos de sua obra está nas próprias questões formuladas por sua escrita , são as angústias existenciais dos seres que a representam e habitam. Porque criaturas e criadora só aparentemente descrevem coisas, objetos, bichos, pequenos acontecimentos do quotidiano. O que essa escrita descreve, ou, como diria Guimarães Rosa, descrevive, é o nosso próprio estar - no - mundo. É sobre o mistério de estar - no - mundo que ela nos fala, o mistério de ser gente, G.H., gênero humano. Torna-se evidente também que a protagonista de A Hora da Estrela - Macabéa - é o opróbrio da brasilidade em todas as suas opressões: a do pobre, a do nordestino desajustado e a da mulher.

Macabéa é a cara do Brasil. Ela é o que todo mundo é. Ela é um Macunaíma de saia, uma anti-heroína aqui do Brasil, mas com uma universalidade muito grande. (Suzana Amaral, cineasta, diretora de A Hora da Estrela)

Macabéa é a nossa cara mais trágica. E acima de tudo, como diz a scholar da Sorbonne,

esta é uma meditação sobre a última hora. A hora maravilhosa e impensável , a hora para a qual nos inclinamos como em direção à verdade. A minha verdade, a nossa verdade, essa estrangeira, essa estranheza cuja visão do rosto nos foi prometida para o final. (Hélène Cixous in A Hora de Clarice Lispector)

Além do pensar filosófico, que se expressa em feminina e socrática ironia, há uma ética na escrita de Clarice: uma caridade autêntica e um profundo respeito pelo semelhante, pela criança e pelo mendigo, pelos desencontrados laços de família, pelos amores infelizes, por nossa finitude.

Que ninguém se impressione: ela escreve também estórias. Uma jovem senhora rica encontra um mendigo. E em seis páginas é o Evangelho, ou o Gênesis. Não. Não estou exagerando... (Cixous, Hélène, op. cit.)

Pois seus olhos de água refletem o mundo. Daí o permanente mergulho no ser das coisas, o constante exercício de maravilhamento filosófico - a perplexidade dos primeiros pensadores.

Clarice que é de soslaio, disse para sempre em Água Viva:

Eu, que vivo de lado, sou à esquerda de quem entra. E estremece em mim o mundo.

Com freqüência, portanto, o mundo das nossas misérias também. Contudo, é preciso salientar que ao contrário de Kafka, de Becket, de Maurice Blanchot, ou de Cioran - seus pares contemporâneos -, que permanecem no fechamento do ser, no impasse e necessariamente na angústia, ela celebra a incerteza ! ... Pela primeira vez surge em uma obra literária a aceitação e a celebração do ato de perguntar como uma forma privilegiada de coragem. A coragem da esperança:

Você sabe que a esperança consiste às vezes apenas numa pergunta sem resposta?( A Maçã no Escuro)

A aceitação e a celebração da necessidade, da carência, da própria incompletude humana. Nas últimas páginas da Paixão ela diz:

Ah! meu amor, não tenhas medo da carência: ela é o nosso destino maior.

E assim como o poeta que se expande e se dissolve no mundo e na natureza à maneira do Criador, Clarice, que não tem medo da incompletude, por isso mesmo cresce e se expande nos últimos parágrafos de A Paixão segundo G.H.:

Eu estava agora tão maior que já não me via mais. Tão grande como uma paisagem ao longe. Eu era ao longe. Mais perceptível nas minhas mais últimas montanhas e nos meus mais remotos rios.

(...) como poderei dizer senão timidamente assim: a vida se me é. A vida se me é, e eu não entendo o que digo. E então adoro. - - - - - - -

A obra de Clarice Lispector é um longo poema em prosa que opera um corte oblíquo no real para iluminá-lo com sua visão e nele entalhar a aventura de sua escrita.

Falam os amigos, os leitores, os estudiosos

Na primeira reunião pública da ALACL ( Associação dos Leitores e Amigos de Clarice Lispector), que teve lugar na Biblioteca Nacional, em 1995, perguntamos aos participantes por que se interessavam pela obra de Clarice. E a atriz Maria Esmeralda, desde então assídua colaboradora, declarou:

Clarice me fascina e me assusta. Porque ela parece saber mais de mim do que eu mesma.

MARIA ESMERALDA, atriz

Outros já haviam dito:

Era Clarice bulindo mais fundo onde a palavra parece encontrar sua razão de ser e retratar o homem.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Clarice não delata, não conta, não narra e nem desenha – ela esburaca um túnel onde de repente repõe o objeto perseguido em sua essência inesperada.

LÚCIO CARDOSO, escritor, cineasta, pintor e grande amigo.

A obra de Clarice recodifica e reinterpreta em prosa poética contemporânea as crenças cabalísticas judaicas. Para a Cabala, como para Clarice, a existência se explicita e se estrutura graças ao Mistério: É a certeza da existência do Mistério que permite à humanidade exercitar sua infinita liberdade (ZOHAR); A criação não é uma compreensão, é um novo mistério (CL: Visão do Esplendor)

ESTER SCHWARTZ, Mestre em Letras, professora, co-Diretora da ALACL.

...(você pega mil ondas que eu não capto, eu me sinto como rádio de galena, só pegando a estação da esquina e você de radar, televisão, ondas curtas), é engraçado, como você me atinge e me enriquece ao mesmo tempo, o que faz um certo mal, me faz sentir menos sólido e seguro.

RUBEM BRAGA, escritor e amigo.

O desenvolvimento de certos temas importantes da ficção de Clarice Lispector insere-se no contexto da filosofia da existência, formado por aquelas doutrinas que, muito embora diferindo nas suas conclusões, partem da mesma intuição kierkegaardiana do caráter pré-reflexivo, individual e dramático da existência humana, tratando de problemas como a angústia, o nada, o fracasso, a linguagem, a comunicação das consciências, alguns dos quais a filosofia tradicional ignorou ou deixou em segundo plano.

BENEDITO NUNES, filósofo, crítico, escritor.

Não te escrevi sobre o teu livro de contos ( Laços de Família) por puro encabulamento de te dizer o que penso dele. Aqui vai: é a mais importante coleção de histórias publicadas neste país na era pós-machadiana.

ÉRICO VERÍSSIMO, escritor e amigo.

Onde estivestes de noite que de manhã regressais com o ultra-mundo nas veias entre flores abissais? Estivemos no mais longe que a letra pode alcançar: lendo o livro de Clarice, mistério e chave no ar.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Há uma literatura brasileira A. C. ( antes de Clarice) e outra D. C. (depois de Clarice). Da narrativa nacional, herdeira dos pais fundadores da ficção século XIX e renovada, no século XX, pelas vanguardas modernistas à “coisa”, o texto clariceano, onde o que é narrado não é, exatamente, o mais importante, foi imenso o trajeto.

MARIA CONSUELO CAMPOS, Doutora em Letras, professora, escritora, co-diretora da ALACL.

Clarice Lispector requer pesquisas que privilegiem livros específicos, recusando o modelo totalizador da crítica historiográfica.

REGINA ZILBERMAN, Doutora em Letras, professora, escritora.

Hoje já não é um excesso dizer que Clarice inclui-se, na cultura da modernidade, na linhagem de criadores tangidos pelo desassossego, aqueles que obedecem mais aos imperativos da pulsão do que às leis que presidem as convenções formais.

LÚCIA HELENA VIANNA, Doutora em Letras, professora, escritora, co-diretora da ALACL.



Fonte: Vidas Lusofonas




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