quarta-feira, 28 de maio de 2008

MÉDICOS AMERICANOS PESQUISAM: A FÉ NOS PROCESSOS DE CURA

Matéria elaborada pela Folha Espírita.


Em reportagem da revista americana Newsweek, publicada em novembro, mais uma vez se discutiu sobre como a fé poderia vir a ajudar pacientes a se recuperarem de doenças e cirurgias. No artigo assinado por Claudia Kalb, são entrevistados médicos das mais diversas áreas, entre eles o geriatra e psiquiatra Harold Koenig, pioneiro pesquisador do tema e pertencente à Universidade de Duke (EUA), que esteve no último Congresso de Medicina e Espiritualidade promovido pela Associação Médico-Espírita (AME) do Brasil, em junho de 2003, no Anhembi, em São Paulo (SP), expondo suas pesquisas sobre a fé.


O artigo mostra que, tanto médicos já formados, como estudantes de Medicina têm sentido uma grande necessidade de ampliar os seus conhe-cimentos e otimizar o atendimento ao paciente, através de uma maior proximidade com a espiritualidade. A estudante de 4o ano Ming He, da Universidade do Texas, que atendia a um senhor judeu com um raríssimo câncer, deu o seu depoimento sobre a questão. Ao acompanhar a aflição do paciente em seus últimos momentos, abandonado pela família e amigos e mal podendo respirar, a doutora Ming, 26, não soube o que dizer para confortá-lo ou explicar a ele o porquê daquele doloroso momento. Tudo o que ela pôde fazer foi segurar-lhe a mão em silêncio. Após a morte de seu paciente, Ming correu para se matricular na aula de “Espiritualidade e Medicina” de sua faculdade, um curso que ensina os futuros médicos a conversar com maior serenidade sobre fé e doença diante de seus pacientes.

Muitas das escolas americanas de Medicina oferecem, atualmente, cursos deste tipo, em parte porque os próprios pacientes têm trazido o tema à tona. Segundo a própria Newsweek, 72% dos americanos afirmam que gostariam de conversar sobre fé com seus médicos. E a mesma porcentagem diz também acreditar que orações podem ajudar no restabelecimento da saúde de um doente, ainda que a ciência diga que o caso não tem solução. Tanto há demanda para esta nova onda de fé que foram criados sites para orações coletivas, como o Beliefnet. Constatou-se que 3/4 delas acabam sendo direcionadas para a melhora da saúde de alguém. O mais curioso é que mesmo pessoas que não se conhecem escrevem suas preces desejando a recuperação de doentes, numa demonstração de pura fraternidade.

A articulista da Newsweek, num tom bastante otimista, deduz: “práticas populares como estas, assim como a crescente tendência na comunidade médica em acreditar que o que acontece no nível mental de um paciente é tão importante quanto o que acontece no nível celular de seu corpo, estão evando muitos médicos a abraçarem o mesmo Deus que há algum tempo baniram de suas clínicas”.

A comunidade científica também faz a sua parte. O magnata John Templeton gasta anualmente 30 milhões de dólares patrocinando projetos que estudam a natureza de Deus. E neste ano será lançado “A Anatomia da Esperança”, que discorre sobre os efeitos do otimismo e da fé na saúde humana, pelo doutor Jerome Groopman, da revista The New Yorker. O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos pretende gastar nos próximos anos cerca de 3,5 milhões de dólares na Medicina que aborda “corpo/mente”.

Outro conhecido pesquisador da área, o doutor Andrew Newberg, da Universidade da Pennsylvania, diz que houve uma enorme mudança na profissão do médico em função desta nova abordagem. Newberg baliza suas pesquisas em imagens escaneadas do cérebro de pacientes voluntários dentro e fora do estado de meditação e prece. As conclusões chegam a demonstrar que pessoas habituadas a rezar e cultivar a fé vivem mais e melhor do que aqueles que não possuem nenhum tipo de crença.

Logicamente podemos encontrar muitos críticos desta nova postura mais espiritualizada da Medicina americana, os quais atacam pesquisas como as de Koenig ou Newberg, taxando-as de pouco consistentes e sem metodologia. Alguns, como o doutor Richard Sloan, da Universidade de Columbia, acreditam que não há espaço para religiosidade na ciência. No entanto, a fé que anima os médicos na sua cruzada para Deus é mais tenaz e não sucumbe à críticas. Harold Koenig afirma, rebatendo os céticos, que manter a Espiritualidade fora das clínicas médicas seria uma irresponsabilidade. E nós concordamos com ele.





*Matéria publicada na Folha Espírita em março de 2004.

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