sábado, 7 de junho de 2008

Julgamentos entre espíritas


Laços de Afeto

Caminhos do Amor na Convivência

Pelo Espírito Ermance Dufaux

Editora Dufaux

Psicografia de Wanderley S. de Oliveira

Parte final do capítulo 18 – Flexibilidade nos Julgamentos


Amigos.

Julgamentos definitivos excluem a possibilidade da fraternidade. As pessoas mudam a cada dia, e nem sempre se conservam as mesmas, o que se lhes seria um direito caso isso fosse possível. Nos ambientes espiritistas os julgamentos morais torna-se triviais. Em razão dos conteúdos dos conhecimentos com o qual laboramos, muito facilmente percebe-se as conclusões do tipo: "é personalismo", "e vaidade", "é invigilância"; tais peças da "inquisição ética" infelizmente s ão utilizadas como processo de exclusão institucional ou mesmo relacional. A elevadíssima expectativa que nutrimos uns para com os outros, entre espíritas, chega às raias da insensatez. Devemos esperar muito de nós mesmos, e ter sempre acendrada misericórdia para com o outro.

Tal expectativa chega ao ponto de precisar-mos, inclusive, o estado espiritual "post morten" daqueles com quem convivemos ou foram expoentes de nossas lides. Sobre os quais, comumente imputa-se excessivo rigor acerca de como se encontram na vida dos espíritos, face a alguns deslizes cometidos por tais corações quando na experiência carnal. Sejam graves ou não esses desatinos do comportamento alheio, é preciso destacar que o critério de maior influência na erraticidade ainda é e s empre será a consciência, acrescido da interferência protetora e educativa dos avalistas das reencarnações. Em conhecendo a “ficha espiritual dos milênios”, de seus tutelados, têm eles plena e competente capacidade para ajuizar sobre os destinos futuros. E não esqueçamos que, como “instrumentos da misericórdia”, tais tutores do bem só ajuízam sobre a recém-finda vivência de seu tutelado considerando o somatório de suas existências, sem jamais se fixarem nas infelizes decisões que tenha tomado ao longo de apenas uma etapa.

Para nós que temos acompanhado inúmeros processos de avaliação nessa perspectiva, aqui na vida espiritual, podemos vos afiançar que a carga de expectativas que os irmãos de ideal no plano físico co locam nos julgamentos uns sobre os outros, via de regra, não corresponde ao beneplácito com o qual é tratado cada desencarne de espíritas.A elevada carga de expectativas que têm os companheiros destitui o sábio recurso da sensatez e da indulgência. Enquanto na vida espiritual aqueles que para os homens de veriam ser recebidos com honras quase sempre se encontram na perturbação, aqueloutros, que supondes na infelicidade em razão de suas invigilâncias, comumente contam com o crédito do serviço no bem que realizaram, na amenização de suas faltas, e na garantia de um amparo que os permita experimentar, tão somente, a controlável amargura que terão de suportar pelo bem que podiam fazer e não fizeram...

Essa é uma empreitada decisiva do orgulho que ainda nos mantém reféns ante os novos ideais que esposamos.

Não conseguindo os vôos de amor no campo do afeto que nos possibilitaria a tolerância e a afeição incondicionais, vivemos atrelados aos pesados fardos impostos pelas relações fatigantes uns com os outros, incomodados com a ação alheia, estabelecendo cobranças que supomos justas, sobrecarregando o próprio psiquismo com agastamentos a título de “defesa doutrinária” ou de correção de fatores históricos mal talhados, sob a ótica de nossas avaliações.

Enquanto mantivermos essas sentenças imutáveis penetraremos cada dia mais nas sombras de nós mesmos, revivendo velhos quadros de perseg uição doentia por “amor a Deus”!!!

Quem cultiva a autenticidade e guarda a consciência tranqüila deve sempre recorrer ao diálogo, ao perdão, ao estudo atento dos fatos objetivando fazer melhores juízos de tudo e de todos, buscando penetrar na essência das experiências da convivência e, sobretudo, sempre advogando o bem e a concordância no trabalho digno e renovador, evitando as ciladas do orgulho humano a nos conduzir ao império do autoritarismo e da tirania.

Jesus poderia ter estabelecido a verdade para Pilatos, mas não o fez. Decretaria Ele na ocasião algo que competia ao governador descobrir por si mesmo. Certamente o Mestre sabia que pouco adiantaria julgar Pilatos em se ntença recriminativa de qualquer natureza moral, porque ele não aceitaria e tudo permaneceria do mesmo modo.

Abstendo-se de ajuizar com o séqüito romano, Jesus ensina-nos a evitar a promoção de vínculos sutis desgastantes, que sempre passam a existir quando decidimos, com nossa suposta autoridade, sentenciar com maus sentimentos a vida além da nossa, roubando a própria paz interior.

Razão pela qual, com o brilhantismo de sempre, Allan Kardec destacou, conforme nossa referência em estudo: “Já vimos de quanta importância é a uniformidade de sentimentos para a obtenção de bons resultados” - O Livro dos Médiuns - cap, 29 - Ítem 335


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