quinta-feira, 19 de junho de 2008

Médiuns investigadores

Escrito por Marco Tulio Michalick


Como certos sensitivos conseguem localizar pessoas desaparecidas? Entenda o que é e como ocorre a psicometria.


Em 2002, publiquei o livro Histórias de Alexander, onde é contada a história do médium Alexander, que por meio da psicometria ajudava a polícia a desvendar crimes e localizar pessoas desaparecidas. A psicometria é uma das modalidades da clarividência segundo a qual se estabelece a conexão entre o sensitivo e a pessoa ou meio concernente ao objeto psicometrado. Sendo assim, o médium portador de aguçada sensibilidade psíquica, ao segurar o objeto de uma pessoa, seja encarnada ou desencarnada, pode “entrar em relação” com ela. Esta mediunidade foi estudada pelo pesquisador espírita italiano Ernesto Bozzano, e não é muito comum, porém, existem alguns relatos espetaculares em seu livro Enigmas da Psicometria, ocorridos entre os séculos XVIII e XIX.

Alguns médiuns têm colaborado com a polícia, e o sucesso desta operação tem os tornado famosos. Entre eles está Allison DuBois, que é membro da Comissão de Médiuns e da Fundação Família Eterna, nos Estados Unidos. Seu livro Não é Preciso Dizer Adeus, se tornou best-seller e serviu de inspiração para o seriado Medium, que já está em sua segunda temporada. Nele, Dubois conta como surgiu seu dom e como auxilia a polícia nas investigações criminais. Atualmente, seu trabalho junto à polícia é de fazer o perfil dos suspeitos.

Um dos detetives sensitivos mais renomados é o americano Phil Jordan. O caso considerado mais espetacular de sua carreira foi em 1975, quando o garoto Tommy, de cinco anos, desapareceu na floresta. Chamado pela família do menino com o aval da polícia, Jordan rascunhou um mapa intuitivamente, prevendo sua possível localização. Enquanto caminhava pela floresta, segurava um pé do sapato de Tommy, que, segundo ele, canalizava a energia do menino. Uma hora após a chegada de Jordan, Tommy foi encontrado, depois de ficar mais de doze horas na mata.

A médium Jeane Dixon ficou famosa por ter previsto o assassinato de John F. Kennedy. A sensitiva Noreen Renier ganhou notoriedade prevendo que Ronald Reagan, então presidente dos Estados Unidos, levaria um tiro do lado esquerdo do peito, mas sobreviveria.

Detetives sensitivos estão cada vez mais comuns na polícia, porém, seus feitos mediúnicos ainda não ganham tanta notoriedade. Mas, o fato é que os sensitivos têm dado uma grande contribuição na solução de alguns crimes, visualizando o rosto do criminoso, descobrindo cativeiros de pessoas seqüestradas e localizando pessoas desaparecidas.

Apesar da colaboração eficaz de alguns médiuns, existem também aqueles que se dizem sensitivos e acabam por atrapalhar o trabalho da polícia, muitas vezes, dando falsas esperanças à família ou fazendo com que a polícia gaste mais tempo e dinheiro em busca de pistas equivocadas. É por isto que os sensitivos são vistos também com uma certa cautela.

O sensitivo, como todo médium, tem que entender dos diversos assuntos que abrangem a mediunidade. Também tem que buscar, com sinceridade, a reforma íntima e moral, para que possa estar em contato com os espíritos benfeitores, captando assim, a mensagem que vem do Alto e usando a intuição quando for necessário. Quando o sensitivo não está em harmonia com os espíritos amparadores, acaba sendo manipulado por espíritos desequilibrados que o fazem transmitir informações equivocadas, e ao invés de auxiliar, provoca danos muitas vezes irreparáveis.
A mediunidade deve ser trabalhada em prol do próximo. Assim, fará jus a este dom maravilhoso conquistado ao longo de muitas encarnações. Por isso, quanto mais pessoas forem auxiliadas, mais dores serão amenizadas. O médium deve entender que sem o suporte espiritual, seu aparelho mediúnico não teria tanta eficácia.

Muitas vezes, o ego fala mais alto, e constantemente assistimos a sensitivos se vangloriando na televisão deixando prevalecer a vaidade.

Penso que, talvez, em um futuro próximo, quando as pessoas entenderem seu papel na sociedade e se prepararem melhor, espiritualmente, os médiuns ostensivos poderão exercer sua mediunidade de uma forma mais ampla. Quem sabe um dia teremos sensitivos mais preparados para solucionar casos como o de crianças desaparecidas, vítimas das maiores barbáries praticadas pelo homem.

Enquanto este tempo não chega, contamos com a dedicação de alguns detetives sensitivos espalhados pelo mundo que dedicam boa parte de seu tempo a ajudar a polícia a esclarecer algo que parece inexplicável. Mas sabemos que existe uma resposta, muito além do nosso olhar.



A psicometria - por Érika Silveira



O termo psicometria foi criado em 1849 pelo médico norte-americano J. Rhodes Buchanan. Ele pesquisou e realizou durante anos consecutivos uma série de experiências, mas somente depois de algum tempo estudando os efeitos do fluido magnético com pacientes sonâmbulos é que realmente chegou a conclusões precisas. Seu método de estudo consistia em apresentar a estes pacientes objetos pertencentes ao presente ou passado de uma pessoa. Os sonâmbulos passavam a descrever cenas relativas às épocas de existência do objeto e até mesmo o próprio caráter da pessoa a quem pertencia o objeto psicometrado.

Desde então, foram realizados diversos estudos e publicados livros a respeito do fenômeno. Dentro da visão espírita, existem muitas obras e autores que abordam o tema, mas há alguns que se destacam. Na definição do livro Nos domínios da mediunidade, de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, psicometria significa registro, apreciação de atividade intelectual. Entretanto, nos trabalhos mediúnicos, esta palavra designa a faculdade de ler impressões e recordações ao contato com objetos comuns. O espírito Áulus relata que o pensamento espalha suas próprias emanações em toda parte a que se projeta, deixando vestígios espirituais onde são arremessados os raios da mente, como o animal, que deixa no próprio rastro o odor que lhe é característico, tornando-se, por esse motivo, facilmente abordável pela sensibilidade olfativa do cão.

O orientador prossegue dizendo que as marcas da individualidade de cada um vibram onde se vive e por elas provocam o bem ou o mal naqueles que entram em contato.

A obra Mecanismos da Mediunidade, psicografada por Chico Xavier e Waldo Vieira, também ditada pelo espírito André Luiz, esclarece que a psicometria é a faculdade de perceber o lado oculto do ambiente e de ler impressões e lembranças ao contato de objetos e documentos. Cita ainda a importância da harmonização entre encarnados e desencarnados neste tipo de trabalho, caso contrário, pode-se anular a possibilidade de êxito, fugindo dos verdadeiros propósitos.

Acrescenta também que pode ser usada em casos de desaparecimento de uma pessoa que não deixou pistas. Por intermédio de um objeto pertencente à vítima, o médium consegue captar a personalidade e fisionomia do proprietário e reporta-se ao seu desaparecimento, podendo, até mesmo, descobrir seu desencarne e o local onde seu corpo se encontra. Isso porque os objetos adquirem um fluido pessoal humano.

Ernesto Bozzano, estudioso profundo do psiquismo humano, filósofo e grande pensador, no livro Enigmas da Psicometria, aborda experiências e análises sobre diversos casos que utilizaram a psicometria como recurso. Define que a psicometria é uma das modalidades da clarividência e que os objetos servem para fornecer pistas ao psicômetra, sendo que os resultados são alcançados pelas faculdades clarividentes e telepáticas do médium, ultrapassando os limites da matéria e do tempo. Diz, ainda, que os fluidos humanos são absorvidos pelo objeto, tornando-se agentes evocadores das impressões psicométricas. Por isso, quando o objeto pertenceu a mais de uma pessoa pode até causar erros de orientação.

E conclui, dizendo: “Na base das percepções psicométricas, encontra-se constantemente um fenômeno de ‘relação’, estabelecido entre o sensitivo e as pessoas vivas ou mortas, ou então, com seres animais, organismos vegetais e estados da matéria, em relação com o objeto psicometrado. Graças a essa ‘relação’, o sensitivo extrai as suas percepções telepaticamente de pessoas vivas ou mortas, fluidicamente ligadas ao objeto.

Ordinariamente, a faculdade psicométrica é uma função do Eu integral, subconsciente e, algumas vezes, direcionada por entidades desencarnadas. Essas imagens correspondem, na maior parte, a acontecimentos reais, mas também podem ser, eventualmente, de natureza simbólica, colimando uma informação”.



Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 47.

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