quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A TITULO DE ESCLARECIMENTO...

livro

(Prefácio do Livro "Nós e o Mundo Espiritual" - Saara Nousiainen).

"Perdoe-me, leitor amigo, por falar algo sobre a minha experiência religiosa. O mesmo, pelo entusiasmo, mas é impossível falar sobre Doutrina Espírita sem vibrar ao encanto que a envolve, a divina beleza das informações que passa ao mostrar a justiça e sabedoria dos mecanismos que regem a vida e a evolução de tudo.

Meu pai era pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia, na Finlândia, onde nasci e, durante minha infância e adolescência (já no Brasil), tentava entender aqueles conceitos que me apresentavam um Deus, por vezes injusto e cruel, quase sempre irado e nem sempre sabendo o que fazer.

Na verdade estes e outros enfoques encontrados na Bíblia, que é tida como a palavra de Deus, me deixavam perplexa. Perguntava a mim mesma sobre o Porquê de tantas diferenças entre as pessoas, não só em termos de sofrimentos e oportunidades, mas também de temperamento, natureza, grau de inteligência etc... e concluía: se a Bíblia diz que Deus é sábio, Todo-Poderoso, Justo e Bom, não dá para entender porque faz uns nascerem com boa índole, sentimentos de religiosidade, conduta firmada na ética e outros valores, sendo candidatos naturais ao Céu, e outros com má índole, desonestos, agressivos, perversos... perfeitos candidatos ao inferno.

Outra questão que me afligia era a dos escolhidos, pois não conseguia aceitar tamanha parcialidade da parte de Deus ao escolher (dentre os seus filhos) uns para o bem e a felicidade e outros para o mal e o sofrimento, da mesma forma como escolhera o povo israelita para ser o Seu povo, com direito a destruir todos que estivessem em seu caminho, por mais inocentes, puros e dignos que fossem.

Também não conseguia entender como alguém que se diz justo e bom poderia criar seres imperfeitos, com tendências negativas, para depois atirá-los a sofrimentos eternos; arrancar dos braços das mães seus filhos pecadores para lançá-los no inferno. Como essas mães iriam sentir-se no céu, sabendo que aqueles quem mais amam estão nos mais tenebrosos sofrimentos, sem direito a sequer uma nova chance... e tudo isto pela eternidade afora? Isto me parecia uma monstruosidade que jamais poderia ser praticada por um ser superior.

Lendo a Bíblia como fazia desde pequena, percebia inúmeras contradições e absurdos que não tinha coragem de comentar, mas por vezes perguntava a mim mesma quem poderia me garantir ser ela realmente a palavra de Deus? Não seria apenas um livro que narra a história de um povo muito religioso, no Velho Testamento, e a grandiosa história de Jesus, no Novo, com todos os seus ensinamentos, verdadeiro código de ética? Lembrava das passagens do Velho Testamento em que Deus teria mandado os israelitas, ao invadirem alguma nação, matarem tudo o que tivesse vida, menos as virgens, para servirem de "diversão" aos soldados, quando o mesmo Deus, nos 10 mandamentos proibia matar; e quando dizia que Deus habitava nas tendas e se comprazia com o cheiro de sangue dos sacrifícios, e tantas outras semelhantes.

Mas esses questionamentos não arranhavam a fé que eu tinha em Deus, sua justiça, sabedoria e amor, porque tinha a íntima convicção de que havia verdades que um dia conheceria e que iriam conciliar a fé com a razão, com o bom senso.

De fato, quando contava dez ou onze anos, um dos meus irmãos que estudava em São Paulo foi visitar-me no Paraná. Falei-lhe então sobre aqueles questionamentos que me estavam angustiando, ao que respondeu: "Maninha, eu estou estudando o Espiritismo. Ele diz que vivemos muitas vidas e que somos hoje o resultado do que fizemos nas vidas passadas".

Meu Deus!!! Ali estava a resposta, a explicação lógica, límpida e cristalina para tantas contradições, geradoras de tamanhos conflitos. E vibrei de alegria porque entendi, senti que era verdade. Decidi então, que ao ficar adulta, iria estudar o restante dessa doutrina para ver se casava com as idéias que eu tinha sobre a vida, dentro dos critérios de justiça, amor e sabedoria do Criador.

Depois de adulta, casada com um homem que zombava da religião, não havia clima para cumprir a promessa que fizera a mim mesma com relação ao Espiritismo, mas ele veio a nós num momento único em que poderia haver abertura da parte de meu marido e, então, comecei a ler sobre o assunto. Abri o primeiro Livro, O que é o Espiritismo, de Allan Kardec, contendo perguntas e respostas. Li a primeira pergunta e fechei o Livro, dizendo a mim mesma: "Se as coisas são como eu acho que deveriam ser, a resposta deve ser mais ou menos assim..." Reabri e li a resposta, exatamente como eu achara que deveria ser. Procedi da mesma forma até o fim e as respostas sempre se casavam e mesmo superavam de muito o entendimento que eu tinha sobre como deveriam ser os mecanismos da vida e as leis de Deus.

Continuei lendo as demais obras de Kardec e outras de teor científico, tais como Fatos Espíritas, do eminente cientista inglês William Crookes, descobridor, d'entre outras, do tálio, membro da Real Academia de Ciências de Londres, que, depois de quatro anos dedicados à pesquisas dos fatos espíritas, teve de aceitar a realidade, proclamando a seus pares a sua autenticidade desses fatos, dizendo: "Não digo que isso seja possível; afirmo que isso é uma verdade".

De início, as idéias reencarnacionistas me fizeram exultar, ao descobrir como tudo podia ser explicado e entendido racionalmente, dentro dos mais perfeitos conceitos de justiça, sabedoria e amor. Entretanto, o temor a Deus, os castigos divinos, caso aquelas idéias fossem realmente procedentes de Satanás conforme afirmativa de meu pai com toda sua bagagem teológica, deixava-me angustiada. Às vezes um terrível medo de estar cometendo horrendo pecado, queria apoderar-se de mim, mas, quando isto acontecia, dirigia a alma aflita ao Criador, em súplica, e então subia das profundezas do meu espírito uma grandiosa sensação de paz, um maravilhoso estado de bem-estar e a convicção serena, segura e irrefutável, de que aquelas idéias eram verdadeiras, dentro da lógica e sabedoria universais.

Aos poucos uma compreensão maior foi crescendo em mim e, com ela, uma esfuziante alegria ao começar a mudar as antigas idéias sobre um Deus a quem se deve temer, pela convicção de que Ele é realmente sábio, Justo e nos ama, e que, assim, é possível amá-Lo e admirá-Lo intensamente... sem temê-Lo. E, nessa alegria pude perceber como Deus nos fala pelos canais interiores do nosso Espírito, quando não nos encontramos acorrentados a dogmas.

Estudar o Espiritismo e militar nas atividades espíritas representou um caminho de contínuas descobertas, tanto através de leituras, quanto de observações e experiências próprias. E então, aquele sentimento de religiosidade que em mim sempre fora muito forte, pôde finalmente casar-se com a razão, juntando mente e coração, estabelecendo os parâmetros de uma vida mais plena, com paz e harmonia interior".

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