sábado, 23 de janeiro de 2010

Razões da Vida

Indagas, muita vez, alma querida e boa:

- "Meu Deus, por que essa dor que me atormenta o ser?"

E segues, trilha afora, em pranto oculto,

De sonho encarcerado, a lutar e a sofrer.

Anelas outro clima, outro lar e outros rumos,

Entretanto, o dever te algema o coração dorido

Ao campo de trabalho que abraçaste,

Atendendo, na Terra, a divino sentido.

Antes de renascer, os seres responsáveis

Notam as próprias dívidas quais são

E suplicam a Deus lhes conceda no mundo

Caminho que os leve à redenção.

Não recalcitres, pois, contra os próprios encargos

Que te parecerem fardos de problemas,

Encontras-te no encalço da conquista

De bênçãos imortais e alegrias supremas.

A lágrima que vertes padecendo

Longas tribulações  entre lutas e crises

É um remédio da vida  em nossos olhos,

Que nos faculte ver os irmãos infelizes.

O abandono dos seres que mais amas

Criando-te a aflição em que choras e anseias.

É um curso de lições em que aprendemos

Quanto custam na estrada as angústias alheias.

Familiares que te contrariam

Trazem-nos a lembrança os gestos rudes

Com que outrora ferimos entes caros

No fel de nossas próprias atitudes.

Afeição de outras eras que descubras

Querendo-lhe debalde a presença e a união,

É instrumento de amor que te inspira a renúncia

Para o trabalho da sublimação.

A experiência humana é breve aprendizado

E essa tribulação que te fere e domina

É recurso dos Céus, em nosso amparo,

Zelo, defesa e luz da Bondade Divina.

Sofre sem reclamar a prova que te coube,

Mesmo que a dor te espanque  atingindo apogeus...

E, um dia, exclamarás, ante os sóis de outra vida:

-       "Bendita seja a Terra!... Obrigado  meu Deus!..."

 

(De “A vida conta”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Maria Dolores)

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