domingo, 28 de setembro de 2008

Decisão e Vontade

 

Ação

Incerteza parece coisa de pouca monta, mas é assunto de importância fundamental no caminho de cada um.

*

As criaturas entram na instabilidade moral, habituam-se a ela, e passam ao domínio das forças negativas sem perceber.

Dizem-se confiantes pela manhã e acabam indecisas à noite.

Freqüentemente rogam em prece:

- Senhor! Eis-me diante de tua vontade!...

Mostra-me o que devo fazer!...

E quando o Senhor lhes revela, através das circunstâncias, o quadro de serviço a expressar-se, conforme as necessidades a que se ajustam, exclamam em desconsolo:

- Quem sou eu para realizar semelhante tarefa?

Não tenho forças.

Ai de mim que sou inútil!...

Sabem que é preciso servir para se renovarem, mas paradoxalmente esperam renovar-se sem servir.

Dispõem de verbo fácil e muitas vezes se proclamam inabilitadas para falar auxiliando a alguém nas construções do Espírito.

Possuem dedos ágeis, quais filtros inteligentes engastados nas mãos; entretanto, costumam asseverar-se inseguras na execução das boas obras.

Ouvem preleções edificantes ou mergulham-se na assimilação de livros nobres, prometendo heroísmo para o dia seguinte, mas, passada a emoção, volvem à estaca zero, à maneira de viajante que desiste de avançar nos primeiros passos de qualquer jornada.

Louvam na rua o equilíbrio e a serenidade e, às vezes, dentro de casa, disputam campeonatos de irritação.

O dever jaz à frente, a oportunidade de elevação surge brilhando, os recursos enfileiram-se para o êxito e realizações chamam urgentes, mas preferem a fuga da obrigação sob o pretexto de que é preciso cautela para evitar o mal, quando o bem francamente lhes bate à porta.

*

Trabalho, ação, aprendizado, melhoria!...

Não te ponhas à espera deles sob a imaginária incapacidade de procurá-los, à vista de imperfeições e defeitos que te marcaram ontem.

Realização pede apoio da fé.

Mãos à obra.

Tudo o que serve para corrigir, elevar, educar e construir, nasce primeiramente no esforço da vontade unida à decisão.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Rumo Certo.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
5a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Deus conta contigo



Ouço-te ,às vezes, coração amigo,
Em torno ao bem, numa questão qualquer:
- "Farei...Conseguirei...Conta comigo...
Se Deus quiser, se Deus quiser..."

Mas não te alteres, a pretexto disso.
De segundo a segundo, estrada a estrada,
A Vontade de Deus é revelada
Em bondade e serviço.

Fita os quadros da Gleba , campo afora;
Tudo o que existe, vibra, luta e sente,
Serve constantemente,
Dia-a-dia, hora a hora!...

De alvorada a alvorada, o sol fecundo,
Sem aguardar requerimento,
Garante sem cessar o equilíbrio do mundo
De seu carro de luz no firmamento.

A fonte, a deslizar singela e boa,
Passa fazendo o bem,
Dessedenta, consola, alivia, abençoa
Sem perguntar a quem...



Sem recorrer a humanos estatutos,
Nem a filosofia enganosas,
A laranjeira estende os próprios frutos,
A roseira dá rosas.

O lírio não se ofende, nem reclama:
Sobre a terra onde alguém lhe deitou a raiz,
Seja em vaso de estufa ou num trato de lama,
Desabrocha feliz.

Assim no mundo, coração amigo,
Faze o bem onde for, seja a quem for;
Em toda parte , Deus está contigo
Na tarefa do amor.


Maria Dolores
do Livro Poetas Redivivos
Francisco C.Xavier
pgs 150 e 151


Novo dia


"Todo dia de ontem pode
ter sido árduo.
Muitas lutas vieram,
deixando-te o cansaço.
Provas inesperadas
alteram-te os planos.
Soma, porém, as bênçãos
que Deus te entregou.
Esquece qualquer sombra,
não pares, serve e segue.
Agora é novo dia,
tempo de caminhar".

Emmanuel
Psicografia-Francisco C. Xavier


segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Necessário Despertar


I
números candidatos ao conhecimento das informações espíritas - portadoras dos relevantes mecanismos para a reforma íntima - detêm-se, inconseqüentes, na expectativa de milagres, que os não há, para a solução de problemas que eles próprios criaram e continuam gerando, ou esperam que a simples adesão formal a uma Sociedade, onde se divulga o Espiritismo, é suficiente para plenificá-los.

Fixados ao atavismo do maravilhoso e do sobrenatural, perseveram na crença leviana de que os Espíritos desencarnados tudo sabem, tudo podem , com a missão expressa de resolver as dificuldades humanas, desse modo, candidatando as criaturas à ignorância e ao atraso.

Acostumados às notícias extravagantes do misticismo que envolve a mediunidade e dos tabus em torno das comunicações espirituais, negam-se ao estudo sério, ou intentam-no, logo o abandonando, apoiados às bengalas psicológicas do comodismo de que lhes parece difícil a absorção do conhecimento espiritual, seja pela impossibilidade de manter a atenção, ou por deficiência de memória, ou ainda por perturbações de vária ordem, que afligem, adormecem, incomodam.

A argumentação simplista não procede, porquanto, em outras áreas do comportamento, seja no trabalho, no relacionamento interpessoal, nas pesquisas e cursos, se não houver um sincero interesse e legítima dedicação, ocorrem os mesmos fenômenos perturbardores, desestimulantes.

Toda experiência nova é desafio, caracterizado por dificuldades, superáveis, que mais despertam os valores morais de quem a deseja vivenciar. No que diz respeito àquelas de complexidade profunda, quais as de transformação do homem velho em um novo ser, os patamares a conquistar são múltiplos, revestidos de compreensíveis impedimentos.

Não se alteram hábitos doentios, perniciosos, de um momento para outro, com apenas a disposição, sem o correspondente esforço para consegui-lo.

A transformação interior para melhor, que o conhecimento espírita propicia, é precedida de um necessário despertar para a aceitação de novos e preciosos valores morais, que satisfazem e harmonizam a criatura.

Desse modo, ao desejo de crescimento, devem aliar-se o esforço contínuo e o devotamento às idéias renovadoras, trabalhando-se por entender as diretrizes que se lhe apresentam, experimentando e insistindo na sua implantação no mundo íntimo.

A vitória de qualquer tentame chega após a permanência na sua execução.

*

Substitui, mediante as informações libertadoras do Espiritismo, os velhos hábitos, um a um, adotando novo comportamento mental, e, depois, vivencial, a fim de que a renovação se te faça contínua, incessante.

Fixa-te no propósito de vencer os velhos condicionamentos e adota as propostas de ação positiva, que te auxiliarão no crescimento íntimo.

Liberta-te dos instrumentos frágeis de justificação, evitando as fugas psicológicas à realidade, à responsabilidade.

Insiste na lapidação das arestas grosseiras da personalidade e adapta-te ao novo modo de entender e ser, incorporando à conduta as diretrizes espirituais.

Dar-te-ás conta dos benefícios imediatos que advirão, das soluções aos problemas que surgirão, enfim, de que o empenho se coroa de êxito na razão direta do esforço encetado.

*

Não foi fácil a Simão Pedro transferir-se do mar da Galiléia, onde pescava com simplicidade, para a experiência difícil no oceano tumultuado da humanidade...

Foi grandemente dolorosa a transferência psíquica, emocional e humana de Saulo de Tarso, da exaltação judaica e da opulência do Sinédrio, bem como de uma família abastada, para a atividade áspera de artesão e apóstolo de Jesus...

Maceradora foi a conduta da equivocada de Magdala, ao adotar as lições do Mestre como regra de iluminação íntima, que conseguiu a duras penas...

A História está repleta de heróis da transformação para melhor, que todos respeitam, porém, são incontáveis os conquistadores anônimos do continente da alma, que estavam perdidos e se encontraram.

O Espiritismo hoje, revivendo Jesus ontem, oferece os valiosos esclarecimentos para a felicidade, a auto-descoberta, a iluminação íntima libertadora.

Para consegui-lo é, primeiro, necessário despertar.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1994.

sábado, 13 de setembro de 2008

O acaso não existe

Victor Leornardo S. Chaves

Comumente esse lema é visto em adesivos colados a vidros de automóveis, seguido da frase "LEIA KARDEC". Ele não está explicitamente na Codificação, mas o conceito que transmite está afirmado várias vezes.

Se não existe acaso,obrigatoriamente tudo no Universo está determinado,isto é, tem um propósito. No entanto,alguns expositores espíritas, fundamentando-se na teoria da relatividade de Einstein e no princípio do indeterminismo de Heisenberg, fazem afirmações como se o Espiritismo fosse indeterminista. Tais palestrantes apóiam-se nas obras [não espíritas] de Fritjoff Capra, como "O Tao da Física" e "O Ponto de Mutação".

Esse autor toma uma posição iconoclasta em relação à ciência ocidental, promovendo um sincretismo entre os princípios da física astronômica, da física quântica e da teoria chinesa do Tao. Nossos confrades confundem os conceitos de determinismo causal (ou causalista),determinismo final (ou finalista) e indeteterminismo.

A ciência mecanicista dos Séculos XIX e XX,admitindo unicamente a relação de causa e efeito (mas, causa só material), é determinista causal (causalista ou etiológica).

O Espiritismo,embora aceitando também a lei de causa e efeito, admite a existência de finalidade. Essa doutrina não pode ser de modo algum determinista no sentido mecanicista. Também não pode ser indeterminista, pois estaria aceitando o acaso, eliminando a intervenção de Deus na ordenação geral do Universo.

A Codificação afirma com veemência que nada ocorre por acaso, havendo um propósito (finalidade) para tudo que há no Universo.

Ela é uma doutrina determinista finalista (teleológica). A confusão feita por alguns palestrantes decorre da presunção de incompatibilidade entre o princípio do livre-arbítrio e o determinismo.

Somente o determinismo causalista contraria o livre-arbítrio. Uma vez ocorrida a causa, ela não muda mais os acontecimentos; tudo deve ocorrer conforme ela determina. Isso exclui a possibilidade da intervenção do livre-arbítrio.O efeito é inexorável.

Desse modo, elimina a responsabilidade humana por suas ações ou omissões. Exemplo: o determinismo geográfico de Rätzel coloca toda a responsabilidade nos acidentes geográficos; o determinismo econômico atribui somente a situação econômica a responsabilidade de tudo que ocorre de errado na vida humana; o determinismo inconsciente de Freud isenta o homem de responsabilidade pelo que fizer de errado, pois ele é vítima das pulsões inconscientes. Por isso, é conhecido também em filosofia por determinismo absoluto. O determinismo finalista apresenta uma finalidade a ser atingida. O homem tem o livre-arbítrio para cumpri-la ou não, mas deverá responder pelo que fizer de errado ou deixar de fazer certo. É conhecido também por determinismo relativo ou finalismo.

Em Esperanto já existe a palavra que traduz finalismo: celismo. Podemos afirmar que o Espiritismo, em relação ao binômio determinismo / indeterminismo, é determinista finalista (final ou teleológico) ou determinista relativo (em Esperanto: celisma doktrino).

Citações que demonstram a posição determinista finalista: Livro dos Espíritos (LE), questão 8: "Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação da matéria (...) ao acaso? Outro absurdo! Que homem de bom senso por considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, o que é o acaso? Nada. (...) Atribuir a formação da matéria ao acaso é insensatez, pois o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. LE, 37 Nota: "Diz-nos a razão não ser possível que o Universo se tenha feito a si mesmo e que, não podendo também ser obra do acaso, há de ser obra de Deus". LE, 536 "Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus". LE, 664 "A prece não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus". LE, 687 "(...), Deus isso provê e mantém o equilíbrio. Ele coisa alguma inútil faz". LE, 692, "Sendo a perfeição a meta (grifo nosso) para que tende a Natureza (...)". LE, 728-A "As criaturas são instrumentos de que Deus se serve para chegar aos fins que objetiva". LE,730 "(...) o homem deve prolongar a vida, para cumprir sua tarefa". LE,741 "(...), entre os males que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos decretos da Providência (...)". LE,774, "Diverso dos animais é o destino do homem". LE, 776 "(...) o homem não foi destinado a viver perpetuamente no estado de natureza". LE,778 "(...) o homem tem de progredir incessantemente (...)". LE, 786 "(...) os Espíritos que, encarnados, constituem o povo degenerado não são os mesmos que o constituíam ao tempo do seu esplendor". LE,787 "Deus a ninguém deserda". LE, 964 "Ele traçou um limite (...). Todas as nossas ações estão submetidas às leis de Deus". LE, 1003 (...) tudo, no Universo, se rege por leis (...)". Bíblia (Eclesiastes 3:1.2.3.). "Tudo tem o seu tempo determinado, e há um tempo para todo propósito debaixo do céu: há um tempo de nascer,e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar, e tempo de curar: tempo de derribar,e de edificar: (...).

O autor é licenciado em Filosofia, médico psiquiatra, coronel-médico da reserva da Aeronáutica, especialista em Homeopatia, e esperantista. Espírita desde os 15 anos, atua no movimento espírita da cidade do Rio de Janeiro.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Defenda-se



Não converta seus ouvidos num paiol de boatos. A intriga é uma víbora que se aninhará em sua alma.

Não transforme seus olhos em óculos da maledicência.
As imagens que você corromper viverão corruptas na tela se sua mente.

Não Faça de suas mãos lanças para lutar sem proveito.
Use-as na sementeira do bem.

Não menospreze sua faculdades criadoras, centralizando-as nos prazeres fáceis.
Você responderá pelo que fizer delas.

Não condene sua imaginação às excitações permanentes.
Suas criações inferiores atormentarão seu mundo íntimo.

Não conduza seus sentimentos à volúpia de sofrer.
Ensine-os a gozar o prazer de servir.

Não procure o caminho do paraíso, indicando aos outros a estrada para o inferno. A senda para o Céu será construída dentro de você mesmo.

* * *

André Luiz

(Mensagem retirada do livro "Agenda Cristã" psicografia de Francisco Cândido Xavier)

Auto-Encontro



A ansiosa busca de afirmação da personalidade leva o indivíduo, não raro, a encetar esforços em favor das conquistas externas, que o deixam frustrado, normalmente insatisfeito. Transfere-se, então, de uma para outra necessidade que se lhe torna meta prioritária, e, ao ser conseguida, novo desinteresse o domina, deixando-o aturdido. A sucessão de transferências termina por exauri-lo, ferindo-lhe os interesses reais que ficam á margem. Realmente, a existência física é uma proposta oportuna para a aquisição de valores que contribuem para a paz e a realização do ser inteligente. Isto, porém, somente será possível quando o centro de interesse não se desviar do tema central, que é a evolução. Para ser conseguida, faz-se imprescindível uma avaliação de conteúdos, a fim de saber-se o que realmente é transitório e o que é de largo curso e duração. Essa demorada reflexão selecionará os objetivos reais dos aparentes, ensejando a escolha daqueles que possuem as respostas e os recursos plenificadores. Hoje, mais do que antes essa decisão se faz urgente, por motivos óbvios, pois que, enquanto escasseiam o equilíbrio individual e coletivo, a saúde e a felicidade, multiplicam-se os desaires e as angústias ceifando os ideais de enobrecimento humano.
*
Se de fato andas pela conquista da felicidade, tenta o auto-encontro. Utilizando-te da meditação prolongada, penetrar-te-ás, descobrindo o teu ser real, imortal, que aguarda ensejo de desdobramento e realização. Certamente, os primeiros tentames não te concederão resultados apreciáveis. Perceberás que a fixação da mente na interiorização será interrompida, inúmeras vezes, pelas distrações habituais do intelecto e da falta de harmonia. Desacostumado a uma imersão, a tua tentativa se fará prejudicada pela irrupção das idéias arquivadas no inconsciente, determinantes de tua conduta inquieta, irregular, conflitiva.
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Concordamos que a criatura é conduzida, na maior parte das vezes, pelo inconsciente, que lhe dita o pensamento e as ações, como resultado normal das próprias construções mentais anteriores. A mudança de hábito necessita de novo condicionamento, a fim de mergulhares nesse oceano tumultuado, atingindo-lhe o limite que concede acesso às praias da harmonia, do autodescobrimento, da realização interior. Nessa façanha verás o desmoronar de muitas e vazias ambições, que cultivas por ignorância ou má educação; o soçobrar de inúmeros engodos; o desaparecer de incontáveis conflitos que te aturdem e devastam. Amadurecerás lentamente e te acalmarás, não te deixando mais abater pelo desânino, nem exaltar pelo entusiasmo dos outros. Ficarás imune à tentação do orgulho e à pedrada da inveja, à incompreensão gratuita e à inimizade perseguidora, porque somente darás atenção à necessidade de valorização do ser profundo e indestrutível que és. Terminarás por te venceres, e essa será a tua mais admirável vitória. Não cesses, portanto, logo comeces a busca interior, de dar-lhe prosseguimento se as dificuldades e distrações do ego se te apresentarem perturbadoras.
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Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1994.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Alguns e Nós




Nunca influenciaremos a todos,

Mas sempre influenciaremos alguns.

Reflitamos no assunto,

Revendo o que transmitimos.

A descrença suscita a descrença,

A dúvida gera a dúvida.

O desânimo sugere o desânimo,

A tristeza espalha a tristeza.

A fé atraí a fé,

A esperança acende a esperança.

A bondade cria a bondade,

O amor estende o amor.

EMMANUEL
Médium: Francisco C. Xavier