segunda-feira, 2 de junho de 2008

DESTINO E LIVRE ARBÍTRIO

Por Edson Tomazelli

A perguntar 860 de “O LIVRO DOS ESPIRÍTOS” nos fala sobre as questões de livre-arbítrio e a conseqüente relação de causa e efeito, cujo teor parcialmente transcrevemos “Pode o homem, pela sua vontade e por seus atos, fazer com que os acontecimentos que deveriam ocorrer não ocorram, e vice e versa?” E a resposta: “Ele pode, desde que esse desvio aparente possa se harmonizar com a vida que escolheu.(...)”.

A Doutrina Espírita vem nos mostrar que, se as causas dos fatos mais importantes de nossa vida, felizes ou dolorosos, não forem localizadas na vida presente, com certeza iremos encontrá-las em vida anteriores, pois os efeitos de nossos atos, de acordo ou contrários à lei que rege a harmonia do Universo, podem ser imediatos ou ocorrer em futuro mais ou menos distante.

Em razão disso é possível entender as disparidades nas condições físicas, sociais e morais dos seres humanos, no contexto da justiça divina, porque cada um de nós encontra-se numa posição mais ou menos determinada pelo conjunto de nossos atos, que praticamos nesta vida e nas anteriores, somando, ainda, os períodos na erraticidade, sempre levando-se em conta as nossas necessidades de expiação e de aprendizado de maneira geral.

Essa possibilidade de interferirmos no curso dos acontecimentos, agravando ou atenuando os efeitos ruins, promovendo ou dificultando os efeitos bons, é que nos confirma a resposta dada pelos Espíritos na questão acima.

Demais, precisamos entender que todas nossas ações, por mais insignificantes que sejam, sempre serão acompanhadas de seus efeitos, e que irão se somando uns aos outros, no curso de nossas existências.

Por isso a importância prática de conhecermos as leis que regem a matéria e o espírito, pois sabendo os efeitos e os resultados daquilo que fizermos, poderemos agir de modo a criar situações mais favoráveis que nos aproximem da felicidade. Somos, portanto, os construtores de nossos próprios destinos.

Com esse entendimento, as questões da fatalidade e do destino deixam de ter o caráter místico com que freqüentemente são colocadas. Nada do que nos aconteça é questão de sorte ou azar. Bobagem acreditar que as ocorrências em nossas vidas são determinadas pelas influências dos astros, nomes, números ou por outros fatores externos semelhantes, pois não encontram amparo na lei de causa e efeito e na justiça divina.

Nossos sofrimentos acontecem na hora e na medida certa, sempre em conseqüência das ações más que praticamos, nesta vida ou em vida anteriores. Por outro lado, a situações felizes que vivemos não são obras do acaso, mas foram preparadas por nós mesmos quando agimos de acordo com as recomendações dos princípios cristãos, isto é, quando fazemos o bem.

Na verdade, o destino existe e aquele do qual nós somos os próprios artífices. Destino esse que podemos ir modificando a cada dia, no quadro geral das leis naturais que regem o Universo, acrescentando ao nosso aperfeiçoamento a beleza e os nossos valores próprios, construindo o edifício de nossa consciência. Tal é o objetivo da evolução humana.

Emmanuel, no capítulo “Fatalidade e Livre Arbítrio”, do livro Nascer e Renascer, destaca: “O mapa de regeneração volta conosco ao mundo, consoante as responsabilidades por nós mesmos assumidas no pretérito remoto e próximo; com tudo o modo pelo qual nos desvenciliamos dos efeitos de nossas próprias obras facilita ou dificulta nossa marcha redentora que o mundo oferece”.



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