Um jardineiro tratava com cuidado da propriedade de influente juiz de Direito.
Pouco se falavam, e sua relação beirava a frieza.
O juiz raras vezes se dirigia àquele empregado para transmitir alguma orientação mas, naquele dia, foi ao seu encontro para dar sugestões sobre onde plantar uma e outra árvore.
As orientações foram passadas de forma direta, séria, sem rodeios e gentileza.
Num determinado momento, mudando o rumo da conversa, o jardineiro disse:
Sr. Juiz, o senhor tem uma excelente distração!
Estive admirando seus lindos cães. Penso que o senhor já conseguiu vários primeiros lugares em exposições!
O efeito dessa pequena dose de apreciação foi grande.
Sim. – respondeu o juiz, esboçando sorriso orgulhoso.
Os meus cães me servem de excelente distração. Gostaria de ver o meu canil?
Passou quase uma hora mostrando-lhe os cães e os prêmios que eles tinham recebido.
Ele mesmo foi buscar os pedigrees e explicou os cruzamentos responsáveis por tanta beleza e inteligência.
Depois de um tempo, o juiz, de cenho já muito modificado, virou-se para o jardineiro e perguntou:
Tem algum filhinho?
A pergunta pegou o jardineiro de surpresa, pois nunca antes lhe havia sido feito um questionamento pessoal.
Sim, tenho. – respondeu, timidamente.
Bem, ele não gostaria de um cachorrinho?
Oh, o seu contentamento não teria limites! – afirmou o homem com sorriso nos olhos.
Pois bem, vou dar-lhe um. – disse o juiz.
Então começou a ensinar como alimentar o cãozinho. Parou um pouco.
Você esquecerá de tudo quanto eu lhe disser. É melhor que eu escreva.
O juiz entrou, escreveu à máquina o pedigree e as instruções sobre alimentação e as entregou ao jardineiro, junto com o cachorrinho valioso.
Gastou mais de uma hora de seu tempo explicando, ensinando, pois havia sido conquistado pelo comportamento agradável daquele homem simples.
Analisando melhor toda cena, veremos que o jardineiro nada mais fez do que um rápido elogio, proferindo algumas palavras agradáveis ao outro.
O juiz, sentindo-se valorizado, teve prazer em estender a conversa e ainda deixou brotar em si um sentimento de fraternidade, pensando no outro, em seu filho, terminando por lhe oferecer um presente.
* * *
Gentileza gera gentileza.
Ser agradável contagia e derruba qualquer cenho carregado, qualquer mau humor momentâneo.
Numa sociedade onde tantas palavras desagradáveis correm soltas aqui e ali, onde tantas reclamações e xingamentos incendeiam os ânimos e machucam as almas, faz-se importante aprender a ser agradável.
Ser agradável sempre, independente da situação que estejamos vivendo, independente de como estamos sendo tratados e recebidos.
Agindo assim filtramos o ambiente pesado do mundo, e espalhamos o perfume da fraternidade.
Tal comportamento traz sempre frutos bons e surpreendentes pois representa, em sua essência, o amor.
Redação do Momento Espírita inspirado no cap. 6, do livro
Como fazer amigos e influenciar pessoas, de Dale Carnegie,
ed. Companhia Editora Nacional.
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