Eu poderia suportar todos os males que a vida me impusesse, menos uma coisa: a cegueira. Isso jamais eu poderia aguentar.
Estas foram palavras do famoso novelista e dramaturgo americano, Booth Tarkington, vencedor do prêmio Pulitzer.
Cada um de nós poderia então questionar: dos males, das provas da vida, qual seria aquela ou aquelas que não suportaríamos?
Todos temos limites e medos é certo. Então, até quando, ou, até o quê podemos, cada um de nós, suportar?
O Sr Tarkington viveu uma experiência muito especial neste sentido.
Um dia, quando já estava com seus sessenta e poucos anos, olhou o tapete que cobria o assoalho.
As cores estavam confusas, opacas. Não podia distinguir o desenho.
Foi a um especialista. Soube então da trágica verdade: estava perdendo a vista. Um olho já estava quase inutilizado; o outro seguia o mesmo caminho.
Acontecera-lhe o que ele mais temia.
E como foi que Tarkington reagiu diante do pior dos desastres? Será que pensou: Aí está! Eis o fim de minha vida...
Não, absolutamente. Para sua própria surpresa, sentiu-se quase alegre. Lançou mão até mesmo do seu senso de humor.
Pequenas manchas flutuantes perturbavam-lhe a visão, passavam-lhe pelos olhos e impediam-no de ver.
Contudo, quando a maior delas passava pelos olhos, costumava dizer:Olá! Lá está o vovô de novo! Para onde será que vai nesta bela manhã?
De que modo poderia o destino dominar tal Espírito? A resposta é: não poderia de maneira nenhuma.
Quando a cegueira total o envolveu, ele comentou: Verifiquei que podia suportar a perda de meus olhos exatamente como o homem pode suportar qualquer outra coisa.
Se perdesse todos os meus cinco sentidos, sei que poderia viver dentro da minha mente, pois é através do cérebro que vemos, e é nele que também vivemos, quer saibamos disso ou não.
Na esperança de recuperar a vista, submeteu-se, nos anos seguintes, a mais de doze operações, delicadas, incômodas.
Revoltou-se, por acaso, contra isso? Não. Sabia que isso precisava ser feito. Compreendia que não lhe era possível escapar de tal contingência. Aceitava tudo com extrema dignidade.
Recusou o quarto particular que lhe reservaram no hospital e foi para uma enfermaria comum, onde pudesse estar em companhia de outras pessoas que também sofriam reveses.
Quando teve que se submeter às repetidas operações, procurava se lembrar do quanto era afortunado:
É maravilhoso! É maravilhoso ver-se como a ciência pode agora realizar operações numa coisa tão delicada quanto os olhos humanos!
Muitos outros, passando por tudo que ele passou, teriam se transformado em trapos humanos e desistido de tudo, porém, Tarkington mostrou que é possível, que é sempre possível suportar o inevitável.
* * *
Suportar o inevitável significa ter resignação, esta aceitação do coração ao que a vida nos impõe pelas leis naturais do Universo.
Sabendo que Deus é soberanamente justo e bom, e que Suas Leis são perfeitas, não há o que temer.
Os fardos que carregamos sempre são proporcionais à nossa capacidade de suportá-los.
Os fardos sempre nos fazem mais fortes, mais esclarecidos e maduros, quando suportados com resignação e coragem.
Redação do Momento Espírita com base no cap. 9 do livro Como evitar preocupações e começar a viver, de Dale Carneggie. ed. Companhia Editora Nacional.
Em 25.05.2009.
1 comentários:
Muito bom texto. Ja li o livro e foi de grande prazer reler este titulo novamente.
Gostaria de contribuir com um blog, relacionado a reforma intima e auto-conhecimento, espero que seja util a todos.
http://desenvolvimentodoser.blogspot.com/
Grato.
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