Prosseguem como se estivessem imanados à aflição que os retinha na carne.
Guardam carantonhas atormentadas, refletindo angústias superlativas.
Comprazem-se, enceguecidos, dominados por prazeres irreais, semiloucos.
Conservam o fascínio às moedas reluzentes ou às notas acumuladas, penetrando as mãos em vasa fétida que confundem com o ouro imaginário.
Afirmam-se condutores do pensamento, afligindo mentes incautas em demorados processos de hipnose, minando a organização física e psíquica dos semelhantes encarnados.
Conservam as expressões de luxúria, perseguindo miragens da própria sandice.
Aprisionam-se às opiniões pessoais, apaixonados e vencidos por cadeias mentais de difícil remoção.
Demoram-se vinculados aos pútridos despojos carnais, longe do discernimento.
Aventuram-se em empresas cruéis, alimentando tristes ideais de vingança ultriz.
Asseveram-se espoliados dos bens terrenos, jugulados a ódios infernais.
Acreditam-se traídos pela fidelidade dos que ficaram na carne, convertendo-se em algozes impiedosos.
Enlouquecidos, formam bandos de delinqüentes como nuvens de horror, semeando inquietações sem nome e desequilíbrio sem conta.
Ignoram a situação em que se encontram.
Aparvalhados ante a realidade veraz da desencarnação que desvelou para eles as revelações da imortalidade, despertam, infelizes, aprisionando-se às malhas dos objetivos iníquos a que se ligaram na Terra.
São portadores de reminiscências vigorosas:
— antigos possuidores de moedas que se enferrujam distantes do uso;
— verdugos da paz alheia que se esqueceram de amar;
— vencedores dos jogos da ilusão que se distanciaram da verdade;
— ladrões da felicidade de muitos, que converteram o lar em inferno e o cônjuge em escravo.
São os gozadores de todo jaez que triunfaram em rios de lágrimas, atingindo culminâncias com a máscara da hipocrisia afivelada à face, em jornadas subalternas.
Morreram, sim... Mas não se consumiram no túmulo.
A vida os aguardava além da morte com os painéis das experiências malogradas, a se desdobrarem indestrutíveis...
Desequilibraram-se ao impacto da consciência violentadas pelo pavor que se torna verdugo, ou pelo remorso que se faz vingador de si mesmo.
Intranqüilos, perturbam e afligem quantos se lhes vinculam pela identificação de pensamentos e atos.
Recorda-os com piedade consoladora, laborando em benefício deles com o perdão.
Evoca-os em tuas orações intercessórias, que os alcançarão em forma de lenitivo e esperança.
Todos retornarão, como tu mesmo, ao cadinho purificador da reencarnação.
Ninguém está fadado à felicidade sem termo nem às punições indefinidas.
O Celeste Pai é Magnanimidade e a Sua Misericórdia de acréscimo é sol que ilumina e aquece todos os Seus.
Ajuda-os, por tua vez, como ontem te auxiliaram outros corações dos quais não recordas...
E participando da desdita deles, agradece à Doutrina Espírita que te ergue o véu que ocultava a realidade do além-túmulo, convocando-te para a conduta reta e o dever superior.
Não importa que sofras na via edificante.
Não reclames as agonias na austera caminhada.
Não acredites, levianamente, que as dores e perseguições deles, que te chegam aos ouvidos da alma pelo veículo da mediunidade ultrajada, na obsessão, ou pela informação medianímica, no socorro psíquico, possam converter-se em devaneio social para as horas vazias, fazendo-te arrogante, quando fores convocado à dialogação evangelizante.
Compreende-os e prepara-te igualmente.
Embora a carne moça e estuante pareça um casulo que te defende, atingirás a sepultura, tragado pela desencarnação; e, se a irresponsabilidade assinalar teus dias, mesmo que finjas ignorar a verdade que o contato com o Mundo Espiritual te ensejou, tornar-te-ás igual a eles, e jornadearás, perturbado, até o momento em que, buscando alguém, anseies, como eles agora, o socorro sincero e a compaixão cristã.
(De “Messe de Amor”, de Divaldo Franco, pelo espírito Joanna de Ângelis)
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